Para apresentação oficial do Sporting aos seus adeptos no já tradicional troféu Cinco Violinos Rúben Amorim escolheu, como adversário, o Sevilha. Pode parecer estranho que Rúben tenha procurado o desafio maior, com uma equipa muito difícil e que nunca iria a Alvalade para fazer uma visita de cortesia, com o propósito de agradar aos adeptos leoninos.

 No entanto, o risco foi evidentemente calculado. O treinador do Sporting fez questão de se expor a um teste de alto índice de dificuldade e de assim conhecer melhor o estado da não, perceber défices competitivos, entender a qualidade e eficácia de articulação dos jogadores, testar o ritmo e a intensidade de um jogo de alta exigência.

 Tudo isso era bem mais importante para Rúben do que a avaliação individual dos seus jogadores, tanto mais que fez entrar em campo um onze sem novidades em relação à época passada, e mais importante do que deixar os adeptos com níveis elevados de expectativas para a nova época.

 Ora o que Rúben não deixou de constatar é que a equipa ainda está a caminho daquilo que ele pretende. Pode parecer pouco ganho, mas é essencial para poder continuar a trabalhar e para encontrar as melhores soluções para uma época exigente e que está cada vez mais próxima de começar a sério.

 Mesmo assumindo conscientemente o risco que corria de poder criar um clima de desilusão entre os sportinguistas, Rúben teve a coragem de preferir a escolha difícil à escolha fácil. E a verdade é que a forma expressiva como conseguiu emendar para a segunda parte os manifestos e até preocupantes erros mostrados na primeira serviu para acrescentar confiança à sua imagem de competência.

 Julgo que a maior evolução que se deu nos últimos anos no futebol de alto nível tem a ver com a qualidade do jogo sem bola. Algo que também se percebeu bem, em Alvalade, tanto quando o Sporting esteve pior (primeira parte) como quando muito melhorou (segunda parte). Antes o futebol jogava-se essencialmente com bola, hoje mesmo quando a equipa tem bola precisa que os seus jogadores conquiste linhas de passe para romper o sistema defensivo do adversário.

 É evidente que as equipas com jogadores com melhor capacidade de execução têm vantagem, mas ter jogadores com qualidade tática é decisivo.

Orlando Fernandes