Samuel Ferreira Fraguito nasceu a 8 de Setembro de 1951, em Vila Real, Trás-os-Montes, e destacou-se como um talentoso médio do Sporting Clube de Portugal ao longo da década de 1970 e inícios de 1980.
Embora nascido há 71 anos, em Mouçós, a aldeia transmonta de Abobeleira, em, Vila Real, Samuel Fraguito viajaria, ainda bebé com a sua família para o Brasil, à procura de uma vida melhor. E foi no ´país do futebol´, mais concretamente, no Rio de Janeiro, que o jovem transmontano começou a ganhar o gosto pela ´redondinha´. Jogaria até aos 15 anos nos escalões jovens do Fluminense FC, quando uma desgraça familiar – o seu irmão foi assassinado – faria com que a sua família regressasse a Portugal e à sua Vila Real.
Com a bola os pés, Farguito destacava-se acima dos restantes e com apena 16 anos já jogava pela equipa principal do SC Vila Real, na antiga III Divisão. A sua qualidade aliada à muita juventude deu as vistas e começaria a ser convocado para a selecção nacional de juniores, o que marcaria o início da sua ascensão meteórica no futebol nacional. Daí saltou logo para a I Liga, um passo que como demonstraria, era já adequado ao seu talento.
O médio vestiu as cores do Boavista FC em duas temporadas no início dos anos 1970 e destacou-se, ajudando os axadrezados a acabar, consecutivamente, em sexto e em 11.º. O muito futebol que concentrava nos seus 1,72 metros de altura tornou-o logo num jovem muito cobiçado pelos grandes em Portugal, e o Sporting Clube de Portugal, em 1972, deu um passo em frente, quando procurava um substituto a Fernando Peres. E o que encontrou em Fraguito? Um introvertido médio transmontano com jeito e toques brasileiros.
De bigode farfalhudo e cabelo volumoso, típico à época, e ainda meias habitualmente em baixo, o dez que várias vezes envergou nas costas correspondia à sua forma de jogar: acima de tudo um tecnicista, e drible curto, muito difícil de desarmar e um mestre do passe, que conjugava com a sua visão de jogo.
Em Alvalade, Fraguito exibiu o seu futebol no seu melhor e seria tido como um dos centrocampistas mais talentosos da sua geração. Só as malditas lesões – cinco operações ao joelho esquerdo e duas ao direito, no total – lhe colocariam limites. Ainda assim para trás ficam 202 jogos de Leão ao peito, ao longo de nove épocas, nos anos 1970 e inícios de 1980, marcando ainda 23 golos. Além disso, foi-se notabilizando ao ser um dos responsáveis por ´alimentar´ a voragem goleadora ao longo das temporadas, de avançados Leoninos como Héctor Yazalde, Rui Jordão, Manoel Costa e Manuel Fernandes.
Desta forma, festejaria dois Campeonatos Nacionais e três Taças de Portugal. E a primeira prova-rainha venceu-a logo na sua época de estreia, em 1972/73. No entanto, foi no ano a seguir que o Sporting CP assinou uma temporada inesquecível, somando uma histórica ´dobradinha´ com o Campeonato Nacional e a Taça de Portugal de 1973/74. Por sua vez, Samuel Fraguito realizou a sua melhor época em termos goleadores, tendo apontado seis tentos em 16 jogos.
Seria sempre um jogador muito utilizado no Sporting CP, porém apesar da sua qualidade, o médio apenas somaria seis internacionalizações e um golo por Portugal – este marcado no seu último jogo, em 1976, diante da Itália. Foram, sobretudo as lesões que foram encurtando a carreira de Fraguito, enquanto o transmontano se foi também afastando do mundo do futebol.
Deixaria em Alvalade em 1980/81, perto dos 30 anos, para regressar ao Norte do país, onde alinharia no Ermesinde SC e, por fim, no seu SC Vila Real, encerrando a carreira em 1983. Depois, Fraguito tirou o curso de treinador e por lá ficou, primeiro, orientando equipas da formação de vários clubes durienses, antes de trabalhar também na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), em Vila Real.
Orlando Fernandes