O FC Porto de 2024/25 teve poucas boas notícias para guardar: uma Supertaça, o princípio de um longo caminho de recuperação financeira…Rodrigo Mora. O miúdo de 17 anos bem pode dizer que não está a conduzir a equipa, mas até os colegas têm aplaudido os seus mais recentes (e decisivos) golos com ar de quem sabe o privilégio que é ver isto acontecer de tão perto. Até Marin Anselmi atribuiu o mérito mais ao avançado do que ao trabalho que a equipa técnica tem feito com ele. Também era o que mais faltava…

 Mora não parece precisar de avisos para ter os pés bem assentes na terra, porque é exactamente aí que os quer ter. E ainda que seja expectável que vá ouvir conselhos para evoluir numa fase crucial da carreira – tem de ser mais intenso, corrigir posicionamentos, aparecer mais nos jogos grandes, começar a tirar a carta de condução, etc. -, nesta altura do campeonato mais vale ignorá-los um bocadinho e desfrutar.

 Porque os momentos mais belos que Rodrigo protagonizou até agora têm aquela dose de inconsciência que o diferenciam. É como, se nos obrigasse a passar do “não faças isso que vais ter problemas” para o “faz o que quiseres, a bolsa é tua” várias, vezes durante o mesmo jogo. Os vídeos tornaram-se virais porque, já não estamos habituados a ver isto, a não ser em desafios de talentos ´Tik´Tok. Numa altura em que o futebol tem dificuldades em disputar a atenção dos mais novos (e não só…) com outros ecrãs, é precisamente um menino de 17 anos que mostra a todos como se atrai mais adeptos aos estádios.

 O melhor conselho que Rodrigo pode ouvir agora creio que é este; tem calma. Com esse talento, as coisas vão acontecer. E ao FC Porto restará tentar elevar a qualidade à volta dele, porque ninguém ganha jogos sozinho (se bem que com o Casa Pia e o Famalicão…) e pode ser injusto colocar ao volante um jovem destes. Mas agarrem-se: a viagem vai valer a pena.

Orlando Fernandes