A chegada de André Villas-Boas ao F. C. Porto vai trazer um novo rumo ao clube, mas o sucesso do presidente passará muito por aquilo que a equipa de futebol for capaz de produzir dentro de campo. Sem essa estabilidade desportiva, o projeto de regeneração financeira e de reestruturação entre o risco de não ser devidamente valorizado pelos sócios, mesmo que seja injusto exigir títulos imediatos quando a casa está em fase de construção e num quadro de enormes dificuldades.
Há um ponto fundamental para o êxito: André Villas-Boas terá de saber escolher um treinador sagaz e inteligente e que seja capaz de criar um espírito coletivo de grande robustez, apresentando resultados numa época de transição. Nenhum presidente consegue ter estabilidade e apresentar trabalho palpável se a equipa de futebol não acompanhar o que se passa no gabinete, porque o escudo de quem está acima nunca será composto pelo corpo dos administradores, mas pela produção dentro campo de jogo.
Basta ver o que tem sido o trabalho de Frederico Varandas no Sporting para se perceber que a falta de sucesso passou muito pela escolha certeira de Ruben Amorim ou de como a era de Luís Filipe Vieira no Benfica ficou marcada pelo projeto de Jorge Jesus, na conquista de três campeonatos e na presença da equipa em duas finais europeias. Ou até de como Sérgio Conceição permitiu que Pinto da Costa resistisse na presidência do F.C. Porto até 2024, caso contrário o risco de ter saído mais cedo da liderança. Por isso, por muito boas ideias que tenha André Villas-Boas, por muito bem estruturado que seja o projeto, com gente competente e bem preparada, nada fará sentido se a equipa de futebol não tiver sucesso dentro do campo. Para isso acontecer, será preciso saber escolher o treinador certo. É esse é o primeiro grande desafio do presidente eleito.
Orlando Fernandes