AFVR: Rescaldo da 12.ª jornada da Divisão de Honra

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A 12.ª jornada da Divisão de Honra da AF Vila Real trouxe um domingo carregado de emoção, marcado por resultados expressivos, equilíbrios inesperados e polémicas que continuarão a fazer correr tinta nos próximos dias.

Com o Atei de folga, o grande destaque concentrou-se, inevitavelmente, no jogo grande da ronda, disputado no Estádio Dr. Diogo Vaz Pereira, onde Montalegre e Régua se encontraram para um duelo direto entre os dois primeiros classificados.

Um empate a uma bola manteve tudo em aberto no topo, mas deixou sensações diferentes entre as duas equipas: os barrosões sentiram que deviam ter vencido, enquanto os durienses saíram de terras do Barroso com a sensação de missão cumprida.

O encontro começou com sinal mais da equipa da casa, a imprimir ritmo desde o apito inicial e a deixar claro que queria dominar a tarde. Bastaram cinco minutos para que essa superioridade se materializasse no marcador. Após um canto batido no corredor direito, Lamine apareceu no sítio certo para desviar e inaugurar o marcador, colocando os barrosões em vantagem perante um estádio bem composto. O golo serviu de combustível para a equipa, que continuou a carregar e quase ampliava a vantagem num remate perigoso de Alejandro, que levou o estádio a suspirar. O Montalegre parecia confortável, mas o rumo do encontro alterou-se aos 25 minutos, quando Gonçalo Paixão viu cartão vermelho direto. Com um jogador a menos, o líder da tabela manteve a iniciativa, mas abriu espaços para o Régua acreditar.

Nessa fase de maior equilíbrio surgiu o momento mais contestado da tarde. Canto na esquerda, bola lançada para a área e Figo aparece a finalizar. A equipa de arbitragem validou o lance, mas a reação dos locais foi imediata: protestos intensos, garantias de que a bola não ultrapassou a linha e um ambiente cada vez mais tenso nas bancadas e no relvado.

O golo funcionou como travão emocional para o Montalegre, que perdeu discernimento e quase permitiu a reviravolta: Jota rematou à trave e deixou um aviso sério. Ainda assim, o empate resistiu até ao intervalo.

Na segunda parte, o Montalegre tentou retomar o controlo e voltou a entrar mais forte. Logo aos 48 minutos, Djaló esteve muito perto de recolocar a equipa em vantagem. Pouco depois, Diogo Carvalho obrigou Edmilson a intervir com as pernas, mantendo o empate. O Régua, consciente das dificuldades e da inferioridade técnica em vários momentos do jogo, recuou linhas e apostou no rigor defensivo, fechando bem o corredor central.

O Montalegre foi, então, obrigado a procurar soluções exteriores, acumulando cruzamentos e remates sem grande critério. Ainda assim, continuou a criar perigo: Alejandro teve novo remate aos 64 minutos, Tiago Correia atirou por cima em boa posição aos 74 e, quatro minutos depois, voltou a obrigar Edmilson a uma defesa exigente.

Mesmo mais remetido à defesa, o Régua ainda assustou após um canto, valendo a Daniel Gomes uma intervenção decisiva. A melhor oportunidade, porém, voltou a pertencer aos barrosões, que construíram um lance de superioridade numérica, mas, num 3×0 que parecia ideal para o 2-1, não conseguiram finalizar.

A pressão final não chegou para desfazer o empate, mesmo com seis minutos adicionais. O apito final deixou frustração na casa e sorrisos contidos nos visitantes.

Entre protestos e indignação, o Montalegre apontou o dedo à equipa liderada por Iancu Vasilica, que esteve longe de agradar às duas equipas. Falhas técnicas e disciplinares marcaram o encontro e alimentaram críticas já depois do jogo.

Apesar disso, uma conclusão parece evidente: a luta pelo título promete ser a dois, entre o gigante do Douro e o gigante do Barroso.

A jornada, no entanto, trouxe muito mais para contar. Em Valpaços, o Santa Marta registou uma vitória importante por 0-1, graças a um golo solitário de Jaime Teixeira. A formação da casa, que seguia num bloco competitivo na classificação, não encontrou soluções para contrariar a organização dos visitantes, que geriram a vantagem com inteligência e regressaram ao concelho de Penaguião com três pontos valiosos.

Em Constantim, foi o Pedras Salgadas quem venceu por 0-1, com um golo de Rui Magalhães a marcar a diferença numa partida bastante disputada. O Constantim continua sem encontrar o rumo desejado esta época, mantendo-se no fundo da tabela, enquanto o Pedras Salgadas dá passos firmes na recuperação pontual.

Em Sabroso, o Mondinense confirmou o estatuto de equipa em crescendo e venceu por 0-2, com golos de Ruben Couto e Ricardo. A formação da casa tentou equilibrar o jogo, mas o maior poder físico e capacidade de decisão da equipa de Mondim de Basto mostrou-se determinante para novo triunfo.

O resultado mais expressivo da jornada surgiu em Vidago, onde a equipa local goleou o Abambres por 7–1. Igor Sevivas e Luís Borges bisaram, Magalhães também marcou dois golos, e Fábio Carvalho assinou o outro tento da tarde. Do lado visitante, apenas Diogo Esteves conseguiu marcar o golo de honra. O Vidago confirmou assim uma tendência clara: quando engrena, é uma das equipas mais difíceis de travar na divisão.

Em Cerva, a equipa da casa venceu o Mesão Frio por 2–1, com Lamba e Raji a darem o segundo triunfo aos cervenses. Francisco Santos marcou o único golo do conjunto visitante. Foi uma vitória muito importante para o Cerva, que luta por sair dos lugares inferiores da tabela.

Já o Cumieira recebeu o Vila Pouca e cedeu por 0–2, numa tarde em que David Freitas e Leonel Auban escreveram o resultado final a favor da formação aguiarense. O Vila Pouca, consistente e pragmático, continua firme no lote da frente.

Em Fontelas, a tarde foi dura para a formação local, derrotada por 0-5 frente ao Vilar Perdizes. Axel brilhou com um hat-trick, um auto golo e Hudson fechou a contagem. Os visitantes construíram um triunfo claro, mostrando eficácia e personalidade, enquanto o Fontelas prolonga uma série negativa que ainda não encontrou travão.

A classificação continua acesa, com Montalegre (31 pontos) e Régua (28) a liderarem a discussão pelo topo, logo seguidos por Vidago (26) e Vila Pouca (24). Mondinense (23) e Vilar Perdizes (21) também permanecem a curta distância. Na metade inferior, Atei, Cumieira e Cerva lutam por estabilidade, enquanto Sabroso, Constantim, Abambres e Fontelas continuam a procurar soluções num campeonato que, competitivamente, não tem descidas, mas mantém altos níveis de exigência em cada jornada.

Por Raúl Saraiva