Mais uma jornada, mais polémica em torno da arbitragem. Há muito que me esforço para tentar entender os critérios adotados em Portugal pelo Conselho de Arbitragem da FPF, mas, convenhamos, é difícil. Muito difícil. Pelo menos para mim.

Para simplificar a questão e contornar a clubite, que é talvez a maior inimiga dos árbitros, vou recordar dois lances a favor do Sporting, um no qual os leões poderão considerar-se beneficiados e no outro prejudicado. Isto apesar de terem ganho ambos os jogos e de forma confortável.

Diante do Farense, no Estádio Algarve, Tiago Martins assinalou penálti por mão na bola de Lucas Áfrico. O VAR da partida da 3ª jornada, Fábio Veríssimo, considerou que a bola sofreu um desvio em Pedro Gonçalves “imediatamente antes” o que o defesa tinha “o braço em posição natural” e como manda o protocolo, deu essa indicação ao árbitro, que reviu as imagens e manteve a decisão. É soberano e foi mesmo assinalado penálti. Critérios.

No Sporting-Aves SAD, na 6ª jornada, Ricardo Baixinho não assinalou penálti após Fernando Fonseca ter cotado com o braço um cabeceamento de Harder, Alertado pelo VAR, Rui Costa, foi ver as imagens e manteve a decisão. É soberano e não considerou falta, porque como explicou em Alvalade, o defesa tinha o braço em “posição natural”.

No primeiro caso, o vice-presidente do Conselho de Arbitragem, João Ferreira explicou, duas semanas depois e publicamente, na Sport TV, no programa Juízo Final, criado para o efeito, que Tiago Martins errou e que o lance não era motivo para penálti. “O defesa está parado, a evitar que o atacante se vire, ele não faz nenhum gesto…A bola sofre um desvio de trajetória em cima do defesa e esta acaba por bater no braço. Na prática, diria que este lance não tem nada de penálti”, disse. Veremos agora o que dirá João Ferreira.

Como o leitor, há muito que vejo futebol todos temos um entendimento sobre o que se considera “posição natural” ou mesmo “volume – tria”, como os especialistas de arbitragem gostam de dizer. Estou curioso para ouvir a explicação do Conselho de Arbitragem, mas arrisco a dizer que João Ferreira vai considerar que devia ter sido assinalado penálti. Arrisco, pois sinceramente, não percebo quais os critérios adotados.

Sei, perfeitamente, que no futebol não há dois lances iguais, mas que me desculpem os árbitros, há lances idênticos e para os quais têm de ser adotados o mesmo critério. Temos 24 árbitros de 1ª categoria, a que se juntam mais 16 especialistas no VAR. Ou sejam 40 juízes, que têm de saber os critérios do Conselho de Arbitragem.

Eu, confesso, não percebo os critérios. E não sou o único, pois não?…

Orlando Fernandes