A bola começou a rolar na TV e se na primeira parte do Benfica-Farense viram-se Pavlidis e Leandro Barreiro, na segunda mostraram-se rookies, ou em bom português os novatos. Haverá sempre diferenças entre Rolleiser – que acabou a licenciatura com estreia e confirmação na liga argentina – e os colegas mais novos, sobretudo os que cresceram no Seixal. No fundo, o argentino está quase no destino, já os outros, com Prestianni e Schjelderup incluídos, estão a meio caminho.

 Seja Benjamin ou não, o que a segunda parte com o Farense mostrou foi alguma fome competitiva dos rookies. Essa fome não é apenas de vitória, mas de validação, reconhecimento, e de um lugar.

 Não usei o termo rookie à toa. No altamente profissionalizado desporto norte-americano, a formação de atletas ocorre em liceus e universidades. Nuca, portanto, dentro do clube que um dia se vai representar. Nos EUA, um indivíduo pode ser um atleta de topo e ir para um fanchise com o qual nunca teve contacto. A sua viagem até ao profissionalismo é muito diferente, pois a organização que representa na juventude pode não ter nada a ver – até nos resultados – com aquela em que se vai tornar profissional. Virando de novo para o Benfica, isto é obrigatoriamente diferente. Desde logo porque a maioria dos seus formandos lidou com o sucesso; aliás, dir-se-ia que quase só lidou com sucesso – na ótica de que o Benfica, como Sporting ou F C Porto, vence uma grande parte de jogos nas camadas jovens -, mas a passagem para o plantel sénior é um salto que implica ritmo mais rápido, adversários mais difíceis e riscos mais relevados. Na pré-época existe pressão maior. Os olhos de treinadores, colegas, adeptos e imprensa estão neles. E o rookie no desporto é um profissional a quem poucos perdoam um erro, mesmo que se fale de jovens de 18 anos ou menos. Dir-se-ia que esta é uma luta que pode ser assustadora em idade tão precoce, mas que também forma caráter e resiliência.

 A exibição dos miúdos do Benfica no segundo tempo com o Farense foi boa. E até houve erros de alguns deles, o que só pode ser encarado como normal. Mais do que a parte técnica, é a atitude, essa sim, que fica na análise ao jogo dos mais novos.

 As decisões foram, na maioria, boas, o que denota uma atitude pró-equipa. Essa ambição, essa fome de mostrar utilidade ao plantel acaba por ser, muitas vezes, algo que eleva os mais velhos e, mais do isso, obriga-os a não facilitar. Isto claro, se o treinador apostar em jovens. Roger Schmidt, por aí, já lançou Morato, António Silva, João Neves, Tiago Gouveia…

Orlando Fernandes