Todos os anos se fala do mesmo: a possibilidade de o Estádio Nacional ser substituído por um, recinto mais moderno para acolher a Taça de Portugal. O argumento tem vindo a ganhar tração nos últimos anos alimentado principalmente por quem, tem de traçar planos de segurança e vê naquele local escapatórias a mais que obrigam a maior elasticidade de ação e multiplicação de recursos. A preocupação é legítima face ao modelo atual de organização de jogos de salto risco e do comportamento de massas, mas é ainda mais nobre e simbólico a decisão de manter, de ano para ano, intocável o estatuto do Jamor como a casa do desporto português (do futebol também).
Transferir a final para qualquer outro estádio não seria apenas uma machadada na história e no imaginário coletivo de várias gerações, mas um sinal muito mais preocupante – de que os maus venceram. Porque é isto que está sempre em causa: minorias com comportamentos radicais que obrigam a gastos gigantescos de reforço policial e sem que a maioria se pronuncie, limitando-se a um encolher de ombros perante o desfile de claques nas famosas caixas de segurança um espetáculo degradante mas necessário enquanto não se encontram novas soluções.
Orlando Fernandes