15 de fevereiro de 2025. Faleceu Jorge Pinto da Costa, o eterno presidente da história do FC Porto. Tido como o mais emblemático presidente da história do futebol português, Pinto da Costa ajudou a mudar a história dos Azuis e Brancos e, aos 87 anos, parte com um legado de títulos impressionante, entre 1982 e 2024. Foram 69 só no futebol, onde se contabilizam, entre outros sete títulos internacionais, (duas Ligas dos Campões, uma Taça UEFA e uma Liga de Portugal, 23 campeonatos, 22 Supertaças e 16 Taças de Portugal.
Nascido em Cedofeita, no Porto, Pinto da Costa nasceu para comandar as hostes portistas e, apesar da derrota nas últimas eleições, poucos serão os adeptos do clube que não lhe estarão agradecidos pelos grandes feitos alcançados. O FC Porto passou de clube regional a potência nacional e internacional, temido em todos os quadrantes e capaz de se bater e de derrotar os principais clubes do futebol europeu. Pelas suas mãos passaram alguns dos melhores treinadores e jogadores do futebol português nos últimos 40 anos, que deixaram marca e são raros os que saíram do FC Porto com críticas e apontar ao presidente. Por outro lado, fica a sensação que, ao largar a ´cadeira de sonho´, o seu propósito de vida deixou de existir, mas o período de retirada até foi tardio, em face dos últimos, anos de convulsão no clube.
Na realidade, outrora endinheirado e titulado, a última década do FC Porto teve alguns episódios bastante negativos, com várias más escolhas e um projeto financeiro de risco, que levou o clube a uma situação caótica e de quase bancarrota. No entanto, André Villas-Boas, que, tão bem o conhece, não se escusou de mitigar esse final de mandato de crise com palavras elogiosas para aquele que também foi, em tempos, o seu presidente. Contudo, o célebre processo do Apito Dourado e as marcas negras dos ´anos 90´ impedem que Pinto da Costa seja uma figura consensual a nível nacional, de tal forma que Benfica, Sporting ou Vitória (minuto de silêncio foi ferozmente assobiado em Guimarães) não quiseram fazer parte do coro de elogios. É, de resto, esse capítulo da sua vida que o torna tão odiado pelos rivais e, por mais respeitado que seja a nível internacional, impedem que seja magnânimo em solo luso.
Polémico, excêntrico, inteligente, com personalidade forte e uma ironia refinada. Assim nos habituamos a ver Pinto da Costa a entrar pelas nossas casas e vimo-lo quase até à partida. Jorge Mendes apelidou-o de génio e, fosse ou não, é claro que estava bastante à frente do seu tempo em vários aspetos e isso permitiu que o FC Porto se tornasse hegemónico durante décadas. Deixa muitas histórias, conquistas e troféus nos 42 anos de liderança, marcando também, provavelmente, o fim de uma era de presidentes eternos e de perpetuação no poder. Resta saber como será o seu FC Porto sem a figura do líder, sabendo –se que a herança é pesadíssima e que os discursos ao dispor, nesta fase, são escassos quando comparados com os do passado.
Orlando Fernandes