Edson Arantes do Nascimento, ou simplesmente Pelé no mundo do futebol, deixou-nos aos 82 anos, vítima de uma doença oncológica contra a qual lutava desde setembro de 2021.
Tricampeão mundial pelo Brasil, com as conquistas de 1958, 1962 e 1970, o Rei, nome pelo qual ficou para sempre imortalizado junto do amantes da modalidade, foi um dos melhores jogadores do seu tempo e da história do futebol mundial. Para alguns, Pelé está mesmo no topo do Olímpo, à frente de lendas como Diego Armando Maradona, Johan Chuyff, Zidane, Ronaldo, Di Stefano, Eusébio ou os nossos contemporâneos, Lionel Messi e Cristiano Ronaldo.
No entanto, sobretudo para alguém, que nunca o viu jogar, é notório que o legado de Pelé está muito para além do que fez dentro das quatro linhas. O astro do Santos, que não quis retirar a camisola ´10´a pedido do próprio, venceu também duas Libertadores e terá ultrapassado o registo de 1000 golos na carreira. Entre esses encontram-se os 77 ao serviço da Canarinha (em 91 internacionalizações AA), sendo que houve ainda tempo para espalhar magia nos New York Cosmos, dos EUA.
Contudo mais do que do Brasil, o nome de Pelé é mundial, sendo alguém reconhecido em toda a parte e que contribuiu bastante para várias batalhas a nível politico, social e cultural. Bastião da FIFA, o menino da Vila Belmiro conseguiu ainda participar no mundo do cinema e elevar o futebol a um dos mais fascinantes fenómenos sociais do globo. Pelé foi rei e deus em simultâneo, dos brasileiros e dos que gostam verdadeiramente deste jogo tão apaixonante, numa era muito diferente da atual e onde a América do Sul era o centro da modalidade.
Pelé era força e técnica e simultâneo, potência e velocidade (nem por isso diminuídas pela agressividade dos adversários), frieza, irreverência, mestria e classe num corpo que tinha tanto de talentoso como de eficiente. Por outro lado, sempre foi uma figura respeitada por todos, com um trato inatacável no espaço mediático e que, talvez por isso, tenha ascendido ao estatuto de uma das personalidades mais unânimes no mundo futebolístico (algo difícil neste meio).
No fundo, entre as lágrimas da perda e a saudade eternizada, fica na retina aquele menino com uma bola na mão, capaz de se superiorizar entre os graúdos (aos 15 anos já alinhava no Peixe e aos 16 no Escrete, sendo que conquistou o primeiro Mundial aos 17) e que deixa um legado enorme para a posteridade.
Orlando Fernandes