O empate do Benfica contra o Arouca, no domingo, não comprometeu a corrida das águias pelo título, mas dificultou as contas. A equipa de Bruno Lage continua a depender apenas de si própria para se sagrar campeã, mas se o Sporting não perder pontos nos outros quatro jogos que lhes restam na Liga (o que, a avaliar pela primeira parte dos Açores com o Santa Clara, pode não acontecer…) o Benfica fica obrigado a vencer o dérbi, quando antes do tropeção na Luz o empate seria suficiente.

 É fácil procurar culpados para jogos em que se perdem pontos, e muitas vezes injusto, mas há casos como este em que apontar pode ser feio mas é também necessário. E evidente.

 Sim, há muito mérito do Arouca na forma como chega ao golo, do passe para a desmarcação de Dylan  Nandin ao cruzamento deste para a finalização exemplar de Weyerson. E há problemas recorrentes na forma como o Benfica defende (mal), como não consegue controlar jogos em que está em vantagem – basta ver o sofrimento na recessão anterior, contra o Farense.

 E depois há erros individuais que são imperdoáveis. Podia Otamendi estar posicionado de outra forma para impedir que Nandin fugisse? Podia. Podia António Silva ter interceptado o cruzamento? Talvez, e ficou a poucos centímetros de o fazer.

 Mas o problema maior, aquele que até Bruno Lage tem de apontar, pelo menos na intimidade do balneário, foi Schjelderup. Que, incrivelmente, estava a acompanhar Weverson… e parou.

 Não acredita? Reveja o lance. O norueguês, como se pede a um extremo-direito de uma equipa em vantagem por um golo, vai correndo atrás do lateral-esquerdo adversário. De repente, vê a bola chegar a Nandin na direita da área e desacelera, provavelmente achando que a bola já não chegaria a Weverson. Mas chegou. E o Benfica deixou fugir dois pontos.

 São raros os erros tão claros que potencialmente fazem perder campeonatos. Aquele falhanço de Bryan Ruiz num dérbi vem à memória, claro mas o costa-riquenho, pelo menos empenhou-se. Simplesmente falhou.

 Neste caso, Schjelderup nem sequer pôde falhar o corte, porque desistiu do lance. Desistir é o maior pecado que se pode cometer no desporto. E quem assim o faz não pode ficar surpreendido que um dia também desistam dele…

Orlando Fernandes