Foi com um triunfo por 3-2 que, após um jogo emocionante, o Régua carimbou o acesso aos campeonatos nacionais de futebol 20 anos depois da sua última participação.
E para um momento histórico, não podia pedir-se melhor jogo, em que do outro lado estava um Santa Marta autor de uma temporada francamente positiva e muito digna, num duelo entre duas formações com propostas de jogo distintas.
De um lado, os penaguienses apostaram num 4-2-3-1 marcado pelo forte povoamento da zona central do terreno de jogo para dificultar a penetração dos reguenses nas suas fileiras defensivas, mas com a capacidade de colocar, em contra-ataques rápidos e venenosos, pelo menos quatro homens na frente para explorar o balanceamento ofensivo do adversário, com João Mica a ter apoio próximo de Jokito, Márcio Marques ou Júlio Neiva.
Do outro lado, Marco Martins apostava na competência defensiva de um «trio» mais recuado formado por Fred Coelho, Diogo Seminário e Dani Mendes, com Mika e Quinzinho a serem os municiadores de um ataque praticamente formado por cinco homens, com Miguel Baló e Cláudio Mateus bem abertos nas alas, e Messi e Axel Villarreal mais próximos do «matador» João Nuno.
Antevia-se maior pendor ofensivo dos reguenses, e a primeira parte trouxe exatamente isso, e se é verdade que aos 12 minutos um contra-ataque brilhantemente executado pelo FC Santa Marta só não deu em golo devido a um fantástico desarme do guardião Nuno Buffon à tentativa de finta de Júlio Neiva, todas as restantes oportunidades de golo foram do Régua, com Diogo Seminário (6’) e João Nuno (21’) a obrigarem Pedro Rodrigues, o guardião da casa, a excelentes intervenções, já para não falar de uma perdida incrível aos 38’ em que João Nuno, depois de uma «chapelada» ao guarda-redes contrário travada pela barra, consegue ganhar o ressalto e rematar para uma baliza sem guardião, mas onde estava Jorge Cardoso, a desviar o esférico para canto.
Aos 42 minutos, acabaria por ser uma grande penalidade a desbloquear o jogo a favor do Régua, após mão na bola na grande-área penaguiense e, chamado à conversão, João Nuno não desperdiçou e inaugurou o marcador antes do intervalo.
O segundo tempo começou muito desinteressante, após uma primeira parte emotiva, e teve de ser o golo do empate para o FC Santa Marta, apontado por um outro «matador» de nome João Mica, a «agitar» o jogo aos 58’. E se o empate foi motivo de preocupação para os reguenses, a expulsão do central Fred Coelho por acumulação de amarelos aos 62’ veio criar no jogo a ideia de que os penaguienses podiam estar a caminho de inverter o rumo dos acontecimentos.
Contudo, uma reação fortíssima dos comandados de Marco Martins, traduzida em dois golos de rajada de Cláudio Mateus após brilhante jogada de Miguel Baló pela direita (67’) e de Paixão aos 71’, pouco tempo depois de ser lançado no jogo pelo seu treinador, colocou o Régua embalado no caminho do título, num desfecho que, entretanto, tornou-se imprevisível devido ao 2-3 do Santa Marta aos 73’, marcado por Júlio.
Apesar do nervosismo ditado por uma vantagem de margem mínima, a verdade é que as notícias vindas de Mondim de Basto, que ditavam a derrota do Chaves B por 2-1, acabavam por ser as melhores possíveis, e dentro de campo as várias alterações operadas por ambos os técnicos levaram à quebra do ritmo de jogo, e praticamente não houve mais oportunidades até ao apito final.
Uma palavra de parabéns para o SC Régua, que conquista o 12º título distrital da sua história, e vai agora fazer parte do longo elenco de grandes emblemas do nosso país que farão parte do Campeonato de Portugal, o “Campeonato das Oportunidades” onde o FC Santa Marta já esteve há duas épocas.
Outra palavra de reconhecimento pela exibição competente do FC Santa Marta, capaz de lutar pelo resultado até ao fim e tornar o «Dérbi do Douro» do dia 19 de maio de 2024 um espetáculo gratificante.
Outra palavra para os adeptos de ambas as equipas que, independentemente da rivalidade histórica que liga estas duas equipas, comportaram-se com um civismo notável e um respeito mútuo intocável, mesmo com tantos momentos de emoção dentro das quatro linhas.
Agora, venha a última jornada das Ligas de Ouro e de Prata, e essa grande Final da Taça da AF Vila Real entre Régua e Valpaços, outra excelente equipa do Distrito de Vila Real, para um fim de época memorável!
Jogo no Estádio Municipal de Santa Marta de Penaguião.
FC Santa Marta – SC Régua, 2-3.
Árbitro: Carlos Leite.
Árbitros assistentes: Fábio Araújo e Rúben Fernandes
FC Santa Marta: Pedro Rodrigues; Bruno Sul (Joel Lopes, 89’), Jorge Cardoso, Nuno Peixoto e Tozé; Bruno Ribeiro (Tiago Ferreira, 80’) e Paulo Machado; Jokito (Gabi Guedes, 65’), Márcio Marques (Nuno Pinto, 89’), Júlio Neiva (Fabiano, 80’) e João Mica.
Treinador: Justino Ribeiro.
SC Régua: Nuno Buffon; Fred Coelho, Diogo Seminário (Francisco Santos, 65’) e Dani Mendes; Mika e Quinzinho; Miguel Baló (Carlos Silva, 90’), Messi (Diogo Paixão, 65’), Axel Villarreal (Montenegro, 65’) e Cláudio Mateus (António Ribeiro, 76’); João Nuno.
Treinador: Marco Martins.
Golos: 0-1 João Nuno (.g.p.) (43’); 1-1 João Mica (58’); 1-2 Cláudio Mateus (67’); 1-3 Diogo Paixão (71’); 2-3 Júlio Neiva (73’).
Cartões amarelos: Quinzinho (18’); Diogo Seminário (32’); Fred Coelho (49’ e 62’); Bruno Sul (52’); e Francisco Santos (82’).
Cartão vermelho: Fred Coelho (62’).
Por Gonçalo Novais