Há algumas semelhanças entre a primeira época de Vítor Bruno e as temporadas de dois treinadores que o antecederam, Vítor Pereira e Sérgio Conceição. Embora com mais experiência enquanto treinador principal, Vítor Pereira saltou do banco e ganhou. Aquando da saída de André Villas-Boas para o Chelsea, Vítor Pereira assume o comando da equipa, subindo o degrau que o separava da equipa principal para conduzir a equipa ao título, ajoelhando Jesus no “photo-finish” da temporada, momento em que o Estádio do Dragão pegou fogo, descolando, a voar na linha do horizonte ao minuto 92. Inesquecível. Uma equipa de sonho aos olhos de hoje e com dois heróis improváveis no lance decisivo, Liedson e Kelvin. Sérgio Conceição chegou ao Dragão para encontrar uma equipa sem reforços que fez campeã. O verdadeiramente improvável aconteceu. Com a prata de casa que habitava fora, Conceição fez a tal omelete- sem- ovos e partiu os adversários com os nossos pés de barro, Marega foi o melhor exemplo. Agora Vítor Bruno salta do banco como Pereira e vive com os que cá estão à semelhança de Conceição. Não admira que fale na necessidade de valorizar “o ouro de casa”. A partir dentro, a subir o degrau, encontrando o que já viu, ele faz parte dessa mesma equação.
O FC Porto parte amanhã para o estágio na Áustria e leva ouro na bagagem para dar e manter. Muitos dos jovens que compõem o plantel nesta fase inicial vão mesmo ter uma oportunidade única de dias para conseguir impressionar um treinador que os conhece bem e que não dispõe de mutos certezas quanto à capacidade do clube para ir ao mercado de forma efectiva, contratando em quantidade. Se o mercado exige cirurgia, o presente exige aposta Rodrigo Mora é apenas um dos casos mais visíveis. E das múltiplas opções de que Vítor Bruno agora dispõe, será quase certo que transformará alguma em apostas.
Nos três jogos de pré-temporada, todos a chapa-quatro, as vitórias enquadram o mais importante: Namaso, Fran Navarro, Toni Martinez e Iván Jaime estão de volta para provar que podem ser mais do aquilo que firam ou nunca chegaram a ser. Afinal do Euro 2024 encerra o período de invisibilidade. A partir de agora, os dias começam a ficar pequeninos para o nascimento do FC Porto 24/25.
Orlando Fernandes