Terminaram os compromissos de seleções em 2023 e, com a retomada de futebol de clubes, surgem constrangimento de calendário, que têm levado a muitas críticas por parte dos intervenientes do jogo. São várias as equipas que irão jogar de quatro em quatro dias até ao final do ano, tendência que se irá repetir em 2024 e que irá agudizar com a realização de várias provas internacionais como o Europeu, CAN e Taça Asiática. Formações como o FC Porto e o Sporting ficarão prejudicados com a perda de alguns atletas em janeiro (Zaidu, Teremi Diomande, Geny ou Morita) a discussão extravasa o momento imediato, na medida em que no horizonte está uma mudanças de calendário que irá, por certo, provocar alterações na planificação das temporadas.
Na verdade, a Liga dos Campeões como a conhecemos está no seu términus e irá tornar-se numa prova com mais jogos (sensivelmente mais 100 do que na atualidade), nomeadamente entre colossos, e mais receitas inegavelmente. É, por isso, uma transformação que serve, sobretudo os interesses da UEFA e dos clubes mais endinheirados, funcionando como alternativa à rejeitada Superliga europeia, que tinha como principal entrave o fim dos campeonatos nacionais como estão edificados.
Haverá ainda uma divisão de níveis nesta nova Champions, mas a principal dúvida nisto tudo residirá na resistência dos atletas. Tanto jogadores como treinadores têm-se queixado que há cada vez mais jogos, mais cansaço mental e viagens, o que prejudica a recuperação diária dos jogadores e a própria qualidade do jogo, que é difícil de manter com um preenchimento tão grande de calendário.
Quanto ao tempo para treinar, criar rotinas e evoluir, nem convém falar, sendo que, em face destas mudanças, a tendência é para as próprias pré-temporadas serem extintas. Longe vão os tempos em que o normal eram dois meses de preparação, sendo que, nas principais ligas, já existem clubes que preparam a época em apenas três semanas, com viagens pelo meio.
Por outro lado, se antes sempre se jogou muito, não é menos verdade que a intensidade era mais baixa e que havia maior margem para rotação. Por aí, os treinadores terão de ser responsáveis e fazer por utilizar todo o plantel, em detrimento de espremerem totalmente os habituais titulares.
Xavi, treinador do Barcelona, já veio sugerir um calendário com 8-9 meses de clubes, um de seleções e um de férias. É uma ideia, mas certo é que os treinadores terão uma palavra-chave no facto da mudança de calendário ser um problema para os jogadores ou um mito.
Orlando Fernandes