Passou praticamente despercebida, aos media nacionais, a notícia de que a UEFA se prepara para investir como nunca no futebol feminino. Na última quarta-feira de outubro, o organismo presidido por Aleksander Ceferin revelou o projeto denominado Unstoppable (imparável), dando conta que até 2030 irá injetar 21 bilião de € no futebol feminino europeu. O plano passa essencialmente pelo desenvolvimento das categorias de base dos clubes europeus e profissionalizar a modalidade no velho continente.

 O Unstoppable estabelece as prioridades estratégicas da UEFA tendo em vista a próxima geração de jogadoras, treinadores, árbitros, voluntários e até adeptos. O objectivo centra-se em fazer com que o futebol seja a modalidade coletiva mais praticada por mulheres e raparigas em todos os países europeus, aumenta o número de ligas profissionais e o número de jogadoras profissionais, estimando-se que até 2030 possam ser cerca de cinco mil as jogadoras profissionais na Europa.

 Esta pode, assim ser uma oportunidade única e para Portugal do ponto de vista da criação de condições para a liga feminina se profissionalizar, mas também para os clubes terem acesso a meios e verbas para apostarem em condições dignas para o futebol praticado pelas mulheres, sejam elas jovens ou adultas. Teremos, dessa forma um campeonato mais competitivo, mais atrativo para jogadoras que agora optam por outras paragens, capaz de gerar mais receitas, mais público, mais interesse por parte dos media, e também agregar mais interesse junto dos patrocinados. Ganham as jogadoras ganham os clubes ganha a Seleção Nacional. Está dado o mote: este é o momento,em 2030 será tarde de mais.

 O próximo jogo da Seleção A Feminina irá jogar-se pela primeira vez num grande palco do futebol nacional, o Estádio do Dragão. No próximo dia 29 de novembro, o recinto portista será, assim o palco da primeira mão do play-off final de aceso ao Campeonato da Europa de 2025, que opõe a nossa Seleção à Chéquia. Encher o Dragão seria um ótimo incentivo para as nossas conquistadoras, mas também um sinal inequívoco do rumo que queremos para o lado F do futebol.

Orlando Fernandes