Candidata-se ou não? O tabu foi criado, contínua em estado de manutenção e, como todos os mistérios, chama a atenção constantemente. Até ontem, era apenas uma ideia que ia circulando nos corredores, um diz que disse, um rumor que ia ganhando força à medida que fontes próximas e Luís Filipe Vieira iam dando conta da preparação do homem que conduziu os destinos do Benfica entre 2003 e 2021 para uma eventual candidatura ao cargo que perdeu para Rui Costa, na secretária –e, neste pontos, sublinha-se secretaria porque a verdade é que nunca houve um confronto eleitoral entre Rui e Vieira, eles que durante tantos anos conviveram nos gabinetes e nos corredores das Luz.
Isto era até ontem porque, depois de ontem, continua…igual. Aguardava- se com alguma expectativa a primeira entrevista em muito tempo do antigo dirigente máximo das águias e, em particular, a primeira desde que tal rumor de eventual candidatura começou a rolar há pouco menos de um mês. Porém, do que foi dito por Luís Filipe Vieira e publicado no Correio da Manhã, pouco ou nada de novo se consegue extrair.
Aliás, o que se extrai é a ideia de que Vieira não ata nem desata, não assume se é candidato ou não, espera não se percebe muito bem pelo quê, adia, uma vez mais qualquer decisão. Uma entrevista com repostas cheias de “ses”, em período eleitorais sensíveis, em que se exige elevação e clareza, nada acrescenta à discussão, Viera continua a caminhada de ruído, provocação e ataque. Não esquece aquilo que considerou uma traição de Rui Costa, quando o atual presidente, no seu primeiro discurso de tomada de posse, de esqueceu de mencioná-lo e, apesar dos seus 76 anos que evidenciariam mais ponderação, mantém a sua busca de vingança institucional.
Dificilmente assumirá uma candidatura concreta, forte e vencedora, tendo em conta que permanece envolto em processos na Justiça. O julgamento da Operação Lex, por exemplo, tem início marcado para outubro e as eleições do Benfica, recorde-se, são a 25 desse mês… Lê-se o que disse na entrevista mencionada e nada de concreto se consegue extrair. Contas feitas, é só ruído que vai alimentando a especulação e marcando a agenda, inevitavelmente, também, a dos cinco candidatos já oficializados.
Orlando Fernandes