Enzo Fernández chegou ao Benfica no verão rapidamente deixou a sua marca. O médio argentino, que já era um dos melhores jogadores na América do Sul quando saiu do River Plate, inclusivamente com projeção internacional, pegou de estaca e ficou bem claro que seria uma peça essencial no novo Benfica de Roger Schmidt. Sem surpresa, agarrou o seu lugar e foi um elemento nuclear na caminhada até à entrada na Champions, assim como nos primeiros jogos do campeonato e da prova milionária, onde as águias carimbaram o passaporte para os oitavos-de-final, superando em 1º lugar um grupo com PSG e Juventus.
Neste sentido, Lionel Scaloni não prescindiu de Enzo e levou o centrocampista de 21 anos ao Mundial do Catar. Começou como suplente, é certo, mas conquistou o seu espaço na terceira jornada, frente à Polónia, e nunca mais saiu do onze. Deste modo, foi uma das figuras mais importantes na campanha da Argentina até à conquista do troféu e até foi consagrado como melhor jogador jovem do Mundial.
A época não podia, por isso, estar a correr melhor ao médio, mas o início de janeiro não podia estar a ser mais turbulento. O mercado reabriu, o Chelsea acenou com milhões e Enzo parece estar tentado a rumar já a outras paragens. O chamariz Premier League é sempre forte, mesmo que os Blues estejam em queda livre, e que o Benfica esteja a realizar uma grande temporada, mas Rui Costa não está disposto a facilitar a saída. A cláusula de rescisão é de 120 milhões, mas os londrinos não parecem estar dispostos a chegar a esse valor e mesmo a forma de pagamento tem gerado desconforto.
Assiste-se, nesta fase, a um impasse que levou até que Enzo Fernández fosse excluído pelo treinador do jogo com o Portimonense. O Benfica venceu por 1-0 e segue isolado na liderança do campeonato, mas parece claro que o melhor Benfica precisará sempre de Enzo na equipa. É provável que regresse já com o Sporting, mas resta saber com que cabeça estará o jogador nesta fase, não só pela possibilidade de saída negada, mas também porque mentalmente teve um ano de 2022 muito desgastante e sem férias.
Não será fácil voltar a ´ligar o botão´ depois da euforia do Catar e deste frenesim de mercado, sendo que deixar Enzo de fora limita bastante o talento no meio-campo das águias. A renovação de contrato poderá ser o próximo passo, até para pacificar a relação do jogador com os adeptos, sendo que um triunfo no dérbi também ajudaria certamente.
Orlando Fernandes