O desporto é um fenómeno social com uma dimensão fundamental na vida dos cidadãos, nomeadamente na população jovem, pelo envolvimento desportivo e associativo que promove e também pelo desenvolvimento de competências sociais, educativas e comunitárias, de trabalho em equipa e de diálogo entre todos os indivíduos inseridos no contexto desportivo e na comunidade.

A promoção da ética e do fair play no desporto traz diversos benefícios tanto para os indivíduos quanto para a sociedade como um todo. Em primeiro lugar, esses princípios contribuem para o desenvolvimento de carácter e valores positivos nos praticantes, como disciplina, trabalho em equipa, resiliência e respeito. Além disso, eles fomentam a integração social, proporcionando oportunidades de interação entre pessoas de diferentes origens e culturas.

A ética e o fair play também têm um impacto significativo na formação das futuras gerações. Ao serem expostos a uma cultura desportiva baseada na ética, as crianças e os jovens aprendem a importância de agir com honestidade e respeito em todas as áreas das suas vidas. Esses princípios podem ser transferidos para outros contextos, como a educação, o trabalho e as relações pessoais, contribuindo para a construção de uma sociedade mais justa e ética.

Os valores são o fundamento da decisão e da ação, ou seja, servem de guia para que o indivíduo possa medir as consequências das suas decisões sobre os outros e sobre a comunidade.  Não nascem de geração espontânea, têm de ser trabalhados.

Ao treinador, como figura central do processo desportivo, cabe a responsabilidade de transmitir, aplicar e trabalhar os valores éticos, exercendo uma ação pedagógica, de influência, continuada e persistente, sobre instituições, praticantes, encarregados de educação e adeptos.

Fomentar a ética no desporto, numa sociedade em que a cultura, a educação e o civismo evidenciam lamentáveis lacunas, não é tarefa fácil. Os que acreditam na ética no desporto são poucos e constituem uma espécie em extinção.

Por isso, faz todo o sentido continuar a falar, e cada vez mais, dos valores e da ética no desporto como contributo para a valorização social deste, mas também como suporte decisivo ao desenvolvimento dos praticantes e, por consequência, do desporto nacional. A ética no desporto não é impeditivo para se vencer. É, e será sempre, uma mais-valia para se vencer!

Os dirigentes têm de pautar a sua conduta tendo em consideração primordial os interesses e o serviço em prol da comunidade.

Como se percebe, ainda há muito caminho a percorrer. Deixo-vos um exemplo muito simples: o facto de não haver nos balneários caixotes do lixo diferenciados para separar e descartar corretamente os resíduos, quando em casa e nas escolas as crianças e os jovens já o fazem, é uma prova gritante do muito que temos a fazer para investir na mudança de comportamentos e na promoção dos valores.

Vitor Santos (Embaixador do Plano Nacional de Ética no Desporto)