A mudança de Cristiano Ronaldo para o Al Nassr da Arábia Saudita abalou o mundo do futebol no início do ano. O português, que há muito tempo parecia querer abandonar o Manchester United, viu a sua vontade ser respeitada e a rescisão do contrato deu-se por mútuo acordo. Se CR7 queria sair fruto de um regresso a Old Tralford que não correu como previsto não é a menos verdade que Erik ten Hag nunca pareceu contar muito com o internacional luso. Evidente é que Cristiano Ronaldo não está já no topo das suas capacidade (nem poderia estar, quando acabou de completar recentemente 38 anos) e também por isso não recebeu qualquer oferta de um clube europeu que lute por todos os troféus. Essa vontade de entrar num clube que luta pela liga dos Campeões não foi possível de concretizar e dificilmente será no futuro, uma vez fruto do seu elevado salário, ego, capacidades atuais (mesmo fisicamente já caiu bastante em relação ao que era hábito) e proximidade do fim de carreira, nenhum clube de top quererá arriscar o sua contratação.

 Neste sentido, uma reforma dourada é aquilo que de melhor pode aspirar nesta fase e não se pode dizer que seja um mau plano.

  O Al Nassr bateu na mesa 200 milhões por cada ano um valor quase irrisório mas perfeitamente possível por aqueles lados. O conjunto árabe ocupa o 1º lugar no campeonato árabe e, depois de um início titubeante, Cristiano Ronaldo já ”molhou a sopa” em cinco ocasiões.

 No plantel conta com a companhia de Adersson Talisca, antigo jogador do Benfica e que é o melhor marcador da Liga Saudita, e o ex-Vitória SC Konan, mas o objetivo neste vínculo é, evidentemente, financeiro.

 Por outro lado, resta saber como este novo percurso irá afetar a sua estadia na Seleção Nacional. Roberto Martinez chegou para liderar e tem um elevado leque de opções à sua escolha para o ataque. Em condições normais, ao emigrar para o Médio Oriente, deixaria de contar. Acontece que não estamos a falar de um jogador qualquer. Pelo seu passado dentro das quatro linhas, pelo seu estatuto, pela figura e impacto que tem a nível internacional para a Federação Portuguesa de Futebol (com os inerentes dividendos financeiros), mesmo que possa existir algum conflito de interesses pelo facto da Arábia Saudita ser também candidata a organizar o Mundial 2030, e por ser o capitão de equipa, o mais natural será ser convocado “até querer”. Não deveria ser assim, mas não surpreenderá.

Por Orlando Fernandes