Uma dúzia de dias das eleições no FCP, a nomenclatura dos dragões deixou de estar à beira de um ataque de nervos, e já deu o passo em frente: está agora em pleno ataque de nervos, traduzido pelas palavras erráticas de Sérgio Conceição, após o empate caseiro com o Famalicão, quando afirmou: “Querem meter esta região norte um bocadinho fora do sucesso desportivo que a equipa tem de ter em Portugal e na Europa.” Demasiado longe do primeiro lugar, ainda muito longe do segundo, e a ter de lutar para manter o terceiro, qual o problema do FC Porto numa época em que teve uma boa prestação na Champions, goleou o Benfica por 5-0, e pode chegar à final da Taça de Portugal? Falta de consistência, em primeiro lugar, no plantel, e depois no controlo emocional, Sejamos absolutamente claros.
Até se sentir apertado por André Villas-Boas, a gestão e Pinto da Costa foi enfraquecendo a equipa, vendendo jogadores para tapar buracos financeiros, e substituindo-os por outros de menor gabarito; fez ouvidos moucos a apelos tão razoáveis quanto criar equipas de futsal ou futebol feminino; e só recentemente se lembrou da necessidade de requalificar quadros e proceder a melhorias estruturais. Ao longo deste penoso declínio, Sérgio Conceição foi maximizando – até ele próprio ceder emocionalmente e passar a ser o exemplo de que os seus jogadores não precisavam – os meios de que dispunha, conquistando títulos que pareciam destinados a outros, que à partida possuíam melhores argumentos.
Mas, como “pode-se enganar todos, por algum tempo; pode-se enganar alguns, por todo o tempo: mas não se pode enganar todos, todo o tempo”, a veterania de Pepe, a lesão de Marcano e as saídas de Uribe e Otávio, a que se associou o desaparecimento de Taremi, tornaram em, missão impossível o que foi pedido ao técnico portista.
Orlando Fernandes