Depois de anos a marcar os mais temíveis avançados do futebol nacional, a actual especialidade de Pedro Venâncio é a moda. Para homens e mulheres. É o defesa-central- do Sporting e do Boavista que escolhe as colecções da sua loja, em Setúbal.

 O espaço Corelli comercializa roupa de várias marcas para homem e senhora. “Vendemos tudo menos peças íntimas, como soutiens ou cuecas”. Os mais famosos clientes são os ex-jogadores e amigos como Zezinho, Carlos Xavier ou Oceano.

 O negócio é que já teve melhores dias. “Esmos a atravessar uma grande crise e o negócio das roupas é dos mais castigos”, sustenta. Nas épocas natalícias, “chegámos a facturar 500 contos por dia. Agora há dias em que não se vende nada. Graças a Deus são poucos Mas isto vai melhorar”, afiança.

 Quando falta pessoal na loja. Venâncio dá uma mãozinha nas vendas. “Gosto de dar conselhos às pessoas, mas só estou no balcão quando não temos empregados”.

 A carreira do futebolista foi toda feita em Portugal. Aos 17 anos, depois de dar nas vistas nas escolas do Vitória de Setúbal, recebeu um, convite de Alvalade.

 Cumpriu uma época na equipa júnior do Sporting e passado um ano assinou o seu primeiro contrato como profissional. “Ganhava 50 contos por mês”, recorda com nostalgia. Nessa época, uma vitória contra o Dínamo de Zagreb nas competições europeias rendeu-lhe um prémio de jogo que nunca mais irá esquecer: “Foram 200 contos. Na altura era muito dinheiro e deu para ajudar a comprar o meu primeiro carro, um Renault 5 GTL, que me custou 625 contos”.

 Depois, foram 11 épocas de leão ao peito e cerca de 300 jogos na primeira Divisão. Faltou um título de campeão. Aquele por que milhares de sportinguistas suspiraram durante 18 longos anos. Ganhou duas Supertaças Cândido de Oliveira.

 O último, contrato celebrado com o Sporting foi o que lhe rendeu mais dinheiro: cerca de mil contos por mês. “Foi o senhor Jorge Gonçalves que decidiu reconhecer a prata da casa e deu bons contratos aos jogadores mais antigos”, justifica.

 Acabado o percurso leonino, Pedro Venâncio rumou ao Norte para representar o Boavista. “Foram dois anos em que as lesões não me largaram. Mesmo assim ainda fomos à final da Taça contra o Benfica, mas perdemos por 5-2”.

 O melhor momento da carreira deste ex-internacional português foi em Alvalade, contra o Inter de Milão. “Marquei o Klinsmann durante todo o jogo. No final, ele reconheceu que eu tinha sido um dos centrais mais difíceis que ele tinha enfrentado”.

 Regressou ao Sporting em 1997, como treinador dos juvenis e na e a época seguinte passava a ser adjunto de Mirko Jozuc. Na temporada de 2011/12 foi treinador adjunto no União de Leiria.

Orlando Fernandes