Portugal continua a sua caminhada de qualificação para e Euro ´2024´e, se o apuramento parece ser um proforma, tal é a fragilidade do grupo, menos consensual têm sido as escolhas de Roberto Martinez. Na verdade, os resultados até estão ser normais, mas quando a qualidade exibicional não impressiona, sobretudo tendo em conta a qualidade à disposição no lote de atletas convocáveis, existe margem para discutir as escolhas e as convicções do antigo selecionador da Bélgica.

 Fernando Santos lançou muitos jogadores na equipa, somou títulos, mas saiu por um desgaste natural que se foi criando e que levou à quebra do coletivo. No entanto, poucas vezes o vimos explicar porque convocou este e são convocou aquele, ou porque avançou com determinado onze em detrimento de outros. Nesse sentido, o espanhol tem dado passos em frente a nível comunicacional, e tem sido claro nas suas opiniões. Podemos é, ainda assim, discordar do critério com que elabora as suas listas de convocados. E por aí, olhando para quem foi chamado para este duplo compromisso com Eslováquia e Luxemburgo, podemos concluir que, quando falta pouco menos de um ano para o Europeu, o grupo está praticamente fechado.

 É claro que não em sentido estrido, mas na sua esmagadora maioria. Perante as lesões de Renato Sanches, Nuno Mendes e Raphael Guerreiro, era expectável que existissem novidades na convocatória, mas à exceção do regresso de Pedro Neto, que tem estado a subir de novo de produção depois de um período com lesões graves, há pouco a destacar.

 Além disso, nomes como João Cancelo, João Félix e Toti Gomes, que têm somado poucos ou nenhuns minutos neste arranque de época, foram chamados, num gesto de ´carinho´, o que reforça ainda mais esse facto de que, independentemente do nível dos opositores, Roberto Martinez não quer aproveitar estas jornadas de qualificação para verdadeiros testes em competição. Assim, nomes como Paulinho, Pote, Nuno Santos, Beto ou Bruma têm uma tarefa complicada pela frente no que diz respeito à Seleção, mas fica a dúvida se esta estratégia tão franca e frontal sobre as dificuldades dos ausentes em chegar ao lote de eleitos é a mais acertada. O selecionador disse mesmo que era ´impossível ´um ´jogador de fora´ ajudar a equipa, o que é estranho, sobretudo tendo em conta os adversários e o pouco rendimento exibicional que tem sido mostrado. O futuro dirá se Roberto Martinez tem ou não razão.

Orlando Fernandes