As contas apresentadas na última semana pelo FC Porto, as terceiras piores de sempre que apontam para uma falência técnica, não deixaram indiferente o universo azul e branco.
A seis meses de eleições no clube, André Villas-Boas, que em várias ocasiões revelou estar a refletir quanto a uma possível candidatura – mesmo que Pinto da Costa vá a jogo -, teve uma intervenção na última quarta-feira, na Faculdade de Economia da Universidade do Porto, em que mais do que abriu aporta a lutar pela presidência dos dragões, quando disse “Há uma série de considerações pessoais e profissionais que tenho de ter em conta.
Os meus amigos consideram a decisão mais irracional da minha vida, não compreendem como pode gerar tanta paixão dentro de mim. Mas a realidade é que a minha família inglesa está intimamente ligadas à fundação do FC Porto. Coisa que eu só soube mais tarde e que vem reforçar essa sensação de destino. ” Ora se na quarta-feira Villas-Boas abriu a porta à candidatura, ontem deixou de ter forma de fechá-la.
O antigo treinador do FC Porto colocou nas suas redes sociais, neste momento particularmente delicado em que as más contas da SAD trazem adeptos e sócios mergulhados em preocupações, uma fotografia com as lombadas de vários livros, uns sobre campanhas políticas – Campaign Craft, Get Out The Vote Política, Campaigns e o Words That Work -, um outro que parece apontar para a atual situação financeira do FC Porto – Embrace the Chaos – e há ainda um recete trabalho de Georgr Lakoff, The All New Don´t Think Of An Elephant, que exalta o poder das ideias e recomenda positivismo e proatividade, e finalmente, um clássic, Fahrenheur 451, de 1953, cuja ação decorre num futuro não especificado, onde o pensamento crítico é proibido e as opiniões individuais são consideradas antissociais. Ou seja, dificilmente poderá haver outra interpretação da soma de todos estes fatores que não passe pela entrada de André Villas-Boas na corrida à sua nova cadeira de sonho.
Orlando Fernandes