Fernando Mendes Soares Gomes, Portista de nascimento e de coração, um dos últimos baluartes do portismo, do jogador “à Porto”.

Não o vi jogar, mas é um daqueles que desde sempre faz parte do meu imaginário. São muitas as histórias míticas sobre o bombardeiro que aterrorizava as defesas contrárias ao mesmo tempo que espalhava classe pelo relvado. Bota de Ouro em duas ocasiões, feito que lhe valeu a alcunha eterna de Bibota, Fernando Gomes, ou apenas Gomes, representa o puro ponta de lança, o 9 que escasseia nos dias de hoje e que levantava as bancadas durante o seu tempo.

Fenando Gomes não era o maia forte ou o mais técnico, não era fantasista nem driblador, mas linha um instinto fora do comum ler a também detentor de um jogo de cabeça extraordinário e que lhe permitiram desempenhar tão bem as suas funções dentro de campo.

Cabelo comprido, uma silhueta que impressionava e inspirava os demais, muito talento e uma personalidade vincada e respeitada pelos pares. Talvez por isso seja um dos nomes mais consensuais do futebol português. É sobejamente conhecido a sua ligação ao FC Porto, mas nem isso impediu que ter terminasse a carreia no rival Sporting, onde ainda fez o gosto ao pé diversas vezes (38 mais precisamente). Na carreira, marcou mais de 400 golos, sendo que atualmente, é o melhor marcador da história do FC Porto com 355 golos em 352 partidas.

Venceu ainda 16 troféus, com particular destaque para os cinco campeonatos e a Liga dos Campeões pelos Dragões, em 1987 Curiosamente, o dianteiro não jogou na final de Viena, mas foi peça chave nas meias finais em Kiev, frente ao Dímano do histórico Valeriy Labanovskyi, Por outro lado foi internacional em 47 ocasiões onde apontou 11 golos, esteve no Euro 84 e no Mundial 85 e fez parte de uma grande geração que ajudou a mudar a mentalidade do futebol português.

Depois dos ´Magriços´ em 1966 e de um hiato em termos competitivos até à década de 80, Fernando Gomes, entre outros elevou o nome de Portugal a outro patamar e a história fez-lhe história fez-lhe justiça com o reconhecimento e as inúmeras mensagens na hora da morte. De facto, depois de Chalana deixa-nos mais um dos grandes.

Por aquilo que representou para a modalidade, pelo currículo e pela personalidade, que lhe permitem, ser uma figura transversal em todo o desporto nacional. Curvemo-nos, por isso perante Fernando Gomes. Gomes no mundo de futebol. Para sempre.

Orlando Fernandes