A qualificação da Seleção Portuguesa de Futebol Feminino para o Campeonato do Mundo só vem reforçar o que temos vindo a dizer sobre a afirmação da mulher no desporto de alto rendimento.

No futebol feminino temos assistido a uma evolução fantástica. Hoje, a nossa seleção já compete com qualquer outra seleção do mundo. A comunicação social não trata, ainda, com igualdade as performances do desporto feminino e masculino.

E não acredito que elas gostem de perder, de ver a sua equipa derrotada. A verdade é que valorizam mais o espetáculo, a festa, a cor. Divertem-se e enriquecem-se. Nunca deixam de ser competitivas.

O desporto, assim como a vida, não é só de uma cor. É muito mais do que isso. A sua policromia consiste na alegria, na festa, na diversão, no convívio… no fazer dos jogos um tempo e um lugar de encontro para as famílias.

Mas – porque há sempre um “mas” – sabemos que no futebol nacional dificilmente alguém se diverte. Agora não arrastem o futebol feminino para essas habilidades e deixem-no percorrer o caminho que está a ser feito. A quantidade e qualidade estão em crescimento e devemos, com os valores intrínsecos ao desporto, fazer a diferença pela positiva, promovendo a valorização da mulher na sociedade.

Enquanto atleta, é nos desportos individuais que a mulher tem um maior reconhecimento pelas suas performances, mas há muito que nas modalidades coletivas existe qualidade e que a competição substituiu o lazer. Não se pode ignorar o trabalho de tantas jovens e mulheres, nem o sacrifício com que o fazem.

No dirigismo, os casos de mulheres com funções dirigentes nas organizações desportivas são raros. A erradicação dos estereótipos de género desempenha um papel fundamental na eliminação das barreiras que limitam o acesso das mulheres a posições de liderança no desporto.

Os cargos devem ser ocupados pelo mérito. E existem muitas mulheres que o têm. Apesar do aumento gradual da sua participação no desporto, as mulheres continuam sub-representadas nos órgãos de decisão das instituições desportivas a nível local, nacional, europeu e mundial.

Infelizmente, a participação da mulher no desporto é, ainda, desvalorizada, muito porque o modelo de organização desportiva, nos seus primórdios, foi idealizado por e para os homens, e as mulheres não contavam.

Temos de eliminar o preconceito e a desigualdade de oportunidades entre mulheres e homens. O desporto pode, e deve, ser um exemplo de integração e de afirmação da mulher na sociedade.

Mas este não é um texto dedicado aos homens (a esses a quem tudo é permitido por “amor ao futebol”). É antes um Tributo à Mulher, ao colorido com que cada uma pinta os estádios e pavilhões: o verde esperança, o amarelo sensível e o vermelho paixão! E as mulheres gostam disso. Sabem fazer isso.

Subscrevo de alma e coração esta faceta de se estar no desporto. Elas são exemplos de superação, trabalho e talento.

O desporto é muito mais bonito e melhor convosco. A todas vós, os meus mais sinceros parabéns!

Gosto, mesmo, de vos ver por cá! Feliz Dia da Mulher.

Vítor Santos (Embaixador do Plano Nacional de Ética no Desporto)