Comecemos pelo inevitável, a chamada de Jota Silva à Seleção é um feito notável, não só para o jogador, principal interessado nesta aspiração legítima e de reconhecimento pelo seu trabalho e talento, mas também para o clube, que assim vê valorizado o seu património e devolvido o investimento. Alguns investimentos, são uma roleta russa e quando mais difícil se torna ser certeiro.

Já deixámos sair jogadores que depois cresceram e se tornaram imprescindíveis noutras equipas ou jogadores que se eclipsaram. São escolhas, e como em todas as escolhas há variáveis que nos escapam, mas no Vitória das últimas épocas a margem de erro tornou-se mínima, pela necessidade e pelos resultados. Os resultados estão à vista, a sete jornadas do fim o Vitória está a 10 pontos de bater a sua melhor pontuação de sempre, 62 pontos. OK, isto vale o que vale, mas quando o cinto aperta e a margem de erro é mínima, tudo isto tem um valor simbólico redobrado.

O jogo contra o Moreirense foi um osso duro de roer, chuva a rodos e uma equipa, mais uma equipa – muito competente, perigosa e bem montada. “Vencemos com inteligência”, é uma expressão recorrente em alguns jogos o Vitória, a isso só se torna possível com dinâmica já bastante entrosadas e espírito de equipa, a facilitar inclusivamente a plena integração de Nelson Oliveira.

O que nos espera, até ao fim, voltando ao osso da questão, é um repasto infindável de dificuldades. Para começar, três jogos de rajada com o FC Porto, que está naturalmente e agora, a apostar tudo na Taça, outra aspiração nossa, é um belo exercício para nos pormos a pensar o que pode ou irá mudar de jogo para jogo face às circunstâncias e ao primeiro embate das equipas? É uma pergunta lançada para a futurologia, mas que tem como garantia uma tremenda adrenalina dentro e fora de campo.

Voltaremos ao Jota Silva tomemos-lhe o exemplo a de jogador humilde, de ascensão meteórica mas com os pés bem assentes na terra, numa crescente e cada vez mais visível importância no sucesso da equipa e com uma disponibilidade ilimitada. Não sei se não será essa a fórmula para chegarmos ao fim com aquele sopro de campeão, tantas vezes reclamado por Álvaro Pacheco.

Orlando Fernandes