A janela de inverno do mercado de transferências costuma levar mais do que trazer aos clubes portugueses. Mas, apesar de Luís Dias apesar de Enzo Fernandes, apesar de Pedro Porro, exemplos mais recentes de saídas de jogadores importantes dos três grandes, o primeiro para suprir necessidades prementes de tesouraria do FC Porto, os outros dois por terem batidas as cláusulas de rescisão, haverá sempre quem se lembre da influência de André Cruz, César Prates e Mbo Mpenza, chegados em janeiro de 2006 ao Sporting, para reforçar o plantel às ordens de Augusto Inácio (onde foram determinantes), que viria a sagrar-se campeão nacional em Vidal Pinheiro, colocando fim a uma seca que duravas desde 1982.

Na época em curso, anunciam-se pequenos retoques nos candidatos ao título, alguns a contratar no mercado de inverno – os nomes de Pedro Malheiro, do Boavista para o Benfica, de Otávio, do Famalicão para o FC Porto, e de Rafael Silva, do Leixões para o Sporting, têm estado na ordem do dia – o que constitui uma boa notícia para o futebol português, que tem tido no SC Braga, nos últimos anos, o principal municiador dos emblemas mais, ricos; Rafa, Paulinho, Trincão e David Carmo são disso exemplo, e Ricardo Horta esteve quase a sé – lo. Mas é bom que quem tem mais dinheiro vá às compras cá dentro, não só porque adquire jogadores que carecem de menos tempo de ambientação, mas sobretudo porque á vitalidade à anémica economia do futebol português, que viveu momentos de maior pujança até à entrada em vigor da lei Bosman. A partir daí, os horizontes alargaram-se as oportunidades de negócio, também, a tentação pelas comissões, aumentou exponencialmente, e deixou haver o mesmo volume no transvase da liquidez dos mais ricos para os mais, humildes, algo que era um fator de aproximação entre os clubes, além de representar uma motivação adicional para os próprios futebolistas.

É também tempo de falar-se de quem pode sair a custo zero no final da temporada, estando desde já autorizado a tratar da vida – Rafa e Taremi são dois desses casos – e neste particular houve uma evolução na mentalidade dos dirigentes, que apraz registar: os jogadores não são obrigados a renovar os contratos, e se os clubes os penalizarem por isso têm, não um, mas dois prejuízos, porque ao financeiro junta-se o desportivo.

Orlando Fernandes